Faz duas semanas que eu praticamente larguei o cigarro. Queimar os pulmões não me faz sentir nada. Nem acordar cedo, nem trabalhar até tarde. Nada além do cansaço natural do corpo.
Eu que sempre fui tão ansiosa para que minha vida acontecesse, fiquei com medo que algo realmente aconteça.
O susto de um sorriso alheio, o receio de entrelaçar os dedos.
Não sinto nada além de sono.
E isso não sou eu.
Achei que um tempo longe de todos ia fazer com que eu soubesse o que ver no espelho, mas só fui mais fundo no não saber.
Enche mais meu copo.
Enche mais meu corpo.
A generalização da minha geração pesava nas minhas costas. A ânsia de ter de aproveitar tudo ao máximo. Agora não. Não quero mais isso não. Não sinto isso não. Não.
Aprendi a deixar acontecer sem me preocupar com o desenrolar.
Respirar sem desespero.
Dançar sem receio.
Viver pra ver.