Cansada de morrer.

É difícil para alguém que engole as palavras vomita-las de uma vez. É preciso paciência e muitos lenços de papel. A casa vazia, os gatos correndo, eu comigo. Uma estranha e, ao mesmo tempo, tão conhecida. O coração sopra um vento gelado, como se uma janela estivesse aberta esperando a primavera começar. Brotar girassóis da garganta e perder a insegurança de ser pior que quem me cerca. Identifico-me muito com a garota dos sonhos dos millenials, começa divertida, fofa, te mostra um lado do mundo que você não conhecia, é engraçada e impulsiva. Até não mais. Até eu ganhar confiança o suficiente para mostrar um dos meus dragões e viro humana. Sempre fui. Mas não assim. É complicado não se comparar quando palavras de zombaria ecoam nos ouvidos. As mesmas que eu engoli. Dessa forma, desenvolvi a necessidade de agradar todo mundo antes de mim. É foda ser a segunda opção de você mesmo. Eu não sei dizer não. Sim, a psicóloga sabe disso e eu sei que é um problema. É um processo, entende? Eu sei cuidar melhor do outro. Claro. Óbvio. Olhar para dentro dói. Porra, onde foi que eu me perdi? Com quem foi que eu me perdi? Montei uma personagem e vivi como essa persona. Até agora. E é complicado separar o que é real e o que é montagem.

Eu tô cansada de morrer.

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