Pensei na primavera.

O muito não me cabe. O desespero disfarçado de excesso, de essência, a busca incessante pela conquista a qualquer custo. Não importa quem está do outro lado da mesa: eu, ela, ele. Não é a mim, é a sensação de apaziguar uma carência, tampar um buraco, a necessidade do convívio em sociedade que não tem absolutamente nada a ver comigo. Sou inteira mesmo que armada. Não sou troféu de ninguém.

O pouco não me cabe. A indiferença disfarçada de plenitude, educação confundida com emoção, querer o outro bem não é sinônimo de amor é o que te diferencia da brutalidade do resto. Quero poesias, músicas, risadas, piadas de senso duvidoso, que você venha livre e assim permaneça mas que não finja, não se esforce para ficar. Não sou a compaixão de ninguém.

Eu falo, repito, tatuo, atuo e escrevo: o simples é o que mais me derruba. Simples não quer dizer morno, me encanta queimar. Simples quer dizer exatamente o que está escrito mas eu falo, explico, contextualizo e o simples se torna complicado. Não sou a expectativa de ninguém.

Por algum motivo sou romântica, insisto, persisto e deixo vir.

O vazio não me cabe. Sou inteira em cada coisa, no meio da multidão, no caminho pra casa, na inspiração, na mesa do bar. Tenho medo mas não me seguro. Sou minha própria esperança. Em casa me busco na rua me entrego, sorrio pra lua e corro com os meus. Deixo vir. Sou meu próprio universo.

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