Nunca fui calma mas sempre desejei a calmaria. Não que eu seja hiperativa ou algo assim, mas sinto urgência em tudo. Até no nada. Entenda bem que não é desespero, é intensidade. Sinto mais do que deveria. Sinto muito também. Por dentro é uma tempestade lascada. Tenho que preencher a cidade. Intensidade com leveza é […]

Desde sempre vivo a mesma crise.
Meu espelho me pergunta
Minha metade me pergunta
Meu coração me pergunta
“Que porra você tá fazendo?”
Cansei de esperar o fretado das coisas boas.
Invento mesmo, sabe? Exagero. Desespero.Viro e desviro.
Assim como chegou o furacão, chega a brisa fresca.
E minha mãe me pergunta
A rede social me pergunta
A chefe me pergunta
“O que você tá fazendo?”
Eu não ando entendendo nada.
Não sei ser morna, preciso queimar.

E isso o que eu tô fazendo.

Faz duas semanas que eu praticamente larguei o cigarro. Queimar os pulmões não me faz sentir nada. Nem acordar cedo, nem trabalhar até tarde. Nada além do cansaço natural do corpo. Eu que sempre fui tão ansiosa para que minha vida acontecesse, fiquei com medo que algo realmente aconteça. O susto de um sorriso alheio, […]

O expresso.

O melhor de tudo é que apesar do resto eu estou tranquila.
Fiz questão de deixar para lá toda ansiedade que ofuscava o primeiro plano.
Quero tudo devagarinho para lembrar cada pedaço de tudo o que passar por mim. Bem assim. De provar o gosto do vento que carrega as palavras das pessoas lá fora, de olhar pela janela e me surpreender, de sentir tudo até não caber.
Depois de tanto tempo deitei sem medo, sem saber e sem esperar nada.
Você sabe que eu não sou boa com caminhos mas concordo que é bonito.
Sabe?
Gosto de receber as surpresas que me abraçam bem pertinho.
Foram só vinte e dois!
Hoje é um dia especial de um jeito diferente…me dei de presente uma dança na cozinha e mais uma chance de fazer o que quiser, de respirar bem fundo e deixar molhar.
Que venha o vinte três.
Me ensinar tudo outra vez.

*não tenho nada contra os clichês.

MeiodeMaio.

Agora eu só vou escrever sobre coisas boas,
Tipo aquele moço que dança no meio da avenida.
Aposto que ele ouve essa música que eu te mandei.
Vou sair cantando pelos corredores para apagar o barulho da impressora
Levantar da cadeira, passar o chapéu e coletar sorrisos,
Tô afim de arrancar fora esse casaco e me jogar na fonte.

Só se vive uma vez, ela me disse por mais de uma hora
E eu acreditei como se fosse uma das histórias da minha avó
Usei o mesmo tom, para passar para frente
Todo sopro de flauta e batida de cordão
Do coração
Mas ei, pode chegar que cabe
É, tô falando sério!
Tem um monte de coisa boa querendo te conhecer.
Eu vejo uma alma inteira para eu explorar.

18:07

A terra se derreteu em seus braços enquanto seus olhos viravam flores, era a melhor coisa que eu já tive.
Ela é a melhor coisa.
A perdi pras borboletas e para os pássaros, essa menina feita de asas e eu sempre fui terra, molhada, com raízes que saem de mim e voltam num abraço cascudo.
‘Não adianta meu amor, você não vê? Eu nasci para comer seus frutos, me aproveitar da sua doçura e ir embora, é a minha natureza’.
‘Mas você sabia meu bem, que entre meus galhos é o lugar perfeito para montar um ninho?’
Ela repetia que agora não era a hora, justo agora não era a hora. E era assim toda primavera, quando ela chegava, eu dava mais flores do que nunca só para encanta-la, para fazê-la ficar o tempo todo.
Quanto mais flores mais carinhos, já separei os galhos perfeitos para teu ninho, mesmo que não queira, mesmo que não venha.

Perdi.
O eclipse, o trem e o relógio
A carteira, os sapatos e os velhos traços
As calças rasgadas, o cabelo vermelho
A paciência.
Perdi.
O sono, o último minuto e uma chave
Um anel, uma caneta e mais uma consulta
Um telefonema, uma oportunidade
A inocência.
Mas.
Ainda tenho minhas asas.

Eu só queria o seu olhar
O sol queima as feridas
Essa vida inconstante
Que me fez romântica
Pronta pra se perder no acaso
Eu só queria o seu olhar
E algumas palavras no espelho do banheiro
Desliga a TV
Desliga a luz
Desliga o sol
Acende o coração.

Ponteiro.

Era noite ou era dia?
Eu não sabia, nem ela. Éramos nós apenas. A janela continuava fechada, o vento continuava batendo.
Não sei quem era ela, nem onde a encontrei mas gostaria que ficasse.
Que ficasse para sempre.
Era noite ou era dia?
Eu estava preso na monotonia, na caminhada, no escritório, na calçada.
Ela acordou do meu lado, eu não lembrava de nada do antes, só queria o agora.
Que já foi.
Junto com ela.
Foi pela noite ou pelo dia?
Não tenho mais coragem de abrir a janela, de deixar a luz entrar.
Perceber que não era nem noite nem era dia.
Que ela não existia.